sexta-feira, 8 de julho de 2011

Making Of - Intervenção Artística


“A beleza está nos olhos de quem vê”

Enfim, chegaram os dias da tão esperada intervenção artística. Chegaram tão rápido que ficaram lá, há um mês. E depois de longos dias: aqui estou, por incrível que pareça, vivo.

A princípio, tudo sempre vai muito bem. Um grupo formado ao acaso, rápido entrosamento entre os integrantes, simpatia sobrando, sorrisos escancarados esperando, com urgência, os novos afazeres.

Queríamos trabalho? Deram-nos trabalho.

Seminários, maquetes, pesquisas... Finalmente, as coisas começavam a surgir! O grupo, com aquele velho sorriso,  ainda continuava firme e forte. Algumas divergências ali, outras aqui, tudo caminhava em sua mais perfeita ordem.

Como todos ‘sabemos’, o tempo passa. Vinte e quatro horas já não são suficientes e ficamos naquela esperança de que alguém, lá em cima, sabe que serão necessárias algumas modificações no correr das horas.

Depois de termos a idéia era preciso executá-la. Achávamo-na genial, uma jóia rara que não precisava, depois de muita conversa, de mais mudanças, nem mais lapidações.

Para evitar os atrasos, sempre tão comuns, começamos com muita antecedência a montagem do tão idealizado Empecilho (até então, só uma idéia não concretizada). O Solar da Baronesa foi, durante o tempo de intervenção, nossa segunda (se não primeira) casa. Ficávamos uma boa parte da noite juntos, porque durante o dia ficávamos a parte toda.

Os dias de montagem nos assombrarão pela vida inteira. Lavávamos tantas mangueiras que não sobrava tempo para NOS lavar. Já não precisávamos pedir “com licença” ao entrar no ferro velho, afinal, gente de casa não precisa de certas cerimônias.

Diante de tantos problemas, tínhamos, pelo menos, o material adequado para trabalharmos com os bambus, uns dos elementos que constituiu nossa obra. Uma serrinha rigorosamente frágil “pseudo-cortava”, com muito esforço e eficiência duvidosa, os rígidos bambus de resistência anormal.

Com muito custo erguemos um protótipo daquilo que seria nossa intervenção final. Bravamente nosso “mini-empecilho” resistiu ao tempo, ficou de pé por incontáveis minutos, depois caiu. Tínhamos, ou melhor, não tínhamos mais um trabalho para entregar. Mas quem liga pro trabalho quando também não se tem mais sono, ou fome, ou mesmo amor próprio.

Perante a situação frustrante que enfrentamos era preciso que recomeçássemos do zero. Tínhamos bambus, mangueiras, arame, corda, mais alguns bambus e mangueiras e nenhum tempo sobrando. Loucamente demos início a um novo projeto que utilizava dos mesmos materiais. Era hora da serrinha rigorosamente frágil entrar, novamente, em ação.

Depois de muito trabalho surge o tão... tão... tão “interessante” Empecilho. Confesso, não admirava nem um pouco o resultado final. Tínhamos, bem ali, na nossa frente um “Monstro” (apelido carinhoso da obra).

Hora da abertura e eu, finalmente, passei a olhar nossa criação com outros olhos. Percebi que o Monstro não era tão feio quanto parecia e que nem mesmo precisava ser bonito. “Ele” tinha que ser, simplesmente, o que era. Claro, poderia ser melhor, sempre pode ser melhor, mas o que estava feito já não podia ser mudado e o mais importante não estava contido, simplesmente, na beleza ou elegância da obra, mas, sim, nas reações causadas pela mesma.

Disse que não sentiria falta dos tempos de intervenção. Mas fica registrada aqui minha saudade, já antecipada, dessa temporada tão diferente e interessante (num sentido não vago) do que é essa experiência.

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