domingo, 22 de maio de 2011

A Saga do Objeto Interativo

          Foi dada a largada para criação de um objeto que promovesse a interatividade com o usuário. Meu grupo (Eu, Deborah e Yuri) começou a “botar a cabeça pra funcionar”. A princípio, tínhamos uma idéia pronta que envolvia um megafone, uma caixa, tinta... começamos a lapidá-la e logo vimos que era inviável (agora não a vejo dessa forma). No início, tudo era diversão. Ideias ridículas eram motivo para piada, ideias geniais eram motivo para piada, não ter ideia alguma era hilário.
          Discutimos muito sobre o objeto a ser criado, pensamos, pensamos mais um pouco, pensamos além do que “mais um pouco” e, finalmente, tomamos uma decisão: iríamos pensar um pouquinho mais. Os dias foram se passando, e, enfim, tínhamos o objeto interativo... só faltava torná-lo real.  A ideia consistia em usar balões que abrigassem em seu interior diferentes materiais: pedras, areia, farinha, água, feijões, e por aí vai. Esses balões teriam diferentes tamanhos e cores e ficariam dispostos em uma espécie de cavalete. A interatividade aconteceria a partir do sentido do tato e da visão. Parecia perfeito.
          Discorremos sobre o objeto com os professores e "voilà"... a idéia era uma “porcaria”. De volta à estaca zero, faltava um dia e algumas horas para a entrega do trabalho. Estávamos desesperados.
          Tínhamos que “esfriar a cabeça” e resolvemos fazer uma caminhada do Ctan até em casa.  Como a caminhada era longa tivemos bastante tempo para conversar. Novamente surgiram as ideias ridículas, as ideias geniais e nada executáveis e, de surpresa, como num espirro, eis que nasce a mais inovadora e extraordinária ideia de todo o mundo. Era agora ou nunca. Iríamos arriscar executar uma ideia assim, de supetão?
          A missão era mais difícil do que parecia, no outro dia começamos a todo vapor. Desparafusa daqui, enrola arame ali, passa por baixo, pelo meio, deixa reto, deixa torto... ufa. O dia acabou e nos restavam ainda àquelas poucas horas que mencionei. Nada de descanso, a nova tarefa é fazer uma feira (como assim fazer uma feira?), compramos maçãs e...  maçãs está de bom tamanho.
          Voltamos para o Ctan e alguns desencontros ocorreram. Caras feias, medo, pânico, por pouco seria necessário que a palavra “morte” fizesse parte do texto. Algumas modificações no objeto, muito trabalho e pronto, estava finalizado.
          
          Apreciem “Estômago”:
 

          Não foi o objeto interativo dos meus sonhos. Tiveram falhas incontestáveis, o que é natural no aprendizado, mas fiquei muito feliz com o resultado final e, mais ainda, quando ví que as pessoas interagiram realmente com ele. E para encerrar com chave de ouro levamos uma "bronca daquelas" por, no geral, não termos atingido o real objetivo do trabalho. Mas como tudo vale de experiência... que venha a intervenção artística.
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Segue o texto postado por Yuri Matias sobre o objeto interativo:
Fonte: http://uaiarq.blogspot.com/2011/05/objeto-interativo-estomago.html

 
ob.je.to
sm (lat objectu) 1 Tudo que se oferece aos nossos sentidos ou à nossa alma. 2 Coisa material [...]

in.te.ra.ção
sf (inter+ação) 1 Ação recíproca de dois ou mais corpos uns nos outros. [...]
          Concebido por Deborah Salgado, Filipe Andrade e Yuri Matias, "Estômago"  tem a proposta de ser um objeto que, em seu conjunto, interagisse com o usuário através dos sentidos, provocando ao mesmo tempo desejo e repugnância.

          "Nós não queríamos usar um sentido muito comum, por isso escolhemos o paladar, mas também entra em cena a visão e a audição, que são fundamentais na escolha pessoal do usuário sobre interagir ou não com a obra"

          Formalmente, o entrelaçado de fios e os nichos contrariam a ideia de que o alimento, proveniente da terra, é para todos, arranhando a mão de quem se atrevesse a pegar uma das maçãs. A interatividade, contudo, pode partir tanto da pessoa, literalmente comendo aquilo tudo, quanto da própria obra, que a todo momento tenta frear o desejo daquele a qual se aproxima.

           Nessa perspectiva puramente antitética, as reações e as percepções acerca do objeto estão invariavelmente ligadas a sensibilidade de cada um, podendo observar, nessa curta exposição que o 'instinto' sobressaiu mais do que qualquer outro sentimento. Seria amostra suficiente para representar todo o conjunto? O que você faria?


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